Olimpíadas da Escrita

Parabéns à nossa aluna Alexandra Loureiro, do 8ºA pelo honroso 3º lugar na categoria de prosa – escalão B, nas Olimpíadas da Escrita 2015.

Vale a pena ler...

Um livro, uma inspiração para a vida

Foi naquele dia que a minha vida se iluminou. Os dias anteriores tinham passado arrastando-se até aquele dia. Até aí, nunca pensei que a felicidade pudesse vir em forma de livro.
Era de manhã, quando o escritor apareceu no IPO e, por obra do destino ou não, fui uma das crianças que ele escolheu para ler o seu conto. Enquanto isso, olhava-o fixamente e bebia todas as suas palavras, que soavam como o canto das sereias, não nos deixando desconcentrar daquele tom e frases fixantes.
A partir dessa data, apaixonei-me pela leitura e entreguei-me à arte das mais belas palavras. Reli o livro várias vezes sem conta, mas nunca me fartei, mesmo sabendo o final.
Os meus pais ficaram encantados com a minha nova paixão e, a meu pedido, sempre que puderam, compraram-me livros do António Mota. Graças a isso, encontrei um amigo que partilhava a mesma devoção pela leitura.
O meu amigo, Diogo, visitava-me semanalmente, e esses dias eram os mais felizes, não só por ele vir ter comigo, mas porque, numa mochila preta, os livros acompanhavam-no. Desde que nos conhecemos numa livraria, antes de o meu cancro voltar, e depois de António Mota me apresentar à beleza dos livros, ele fazia sempre isso.
Nos meus piores dias, aqueles em que já nem os médicos tinham esperança, a leitura guiou-me entre os caminhos de dor e desespero até à luz do túnel que era a alegria.
Anos depois, quando finalmente venci o cancro, outra tragédia caiu em cima de mim. Infelizmente, o meu avô tinha falecido. A minha reação a isso foi colocar-me dentro de uma cúpula de solidão, afastando-me de tudo e de todos, raramente saindo do meu quarto. Apenas não achava que a vida valeria a pena sem o meu modelo de vida.
Comecei a exprimir a minha raiva, por alguém tão bom ter morrido ter partido, no papel. Por vezes, desenhava ou escrevia, mas sempre me fazia tão bem, era como um medicamento para aliviar a dor emocional.
O Diogo sempre achou os meus desenhos belos e os meus textos viciantes, embora eu o contrariasse, ele inscreveu o meu texto num concurso na escola. Nunca pensei que fosse chegar aos primeiros lugares, mas, contrariamente ao que previa, fiquei em primeiro lugar.
Então comecei a escrever mais, não só palavras de raiva, mas também poemas de amor e frases de ambição. O que me levou a descobrir a minha vocação: a escrita.
Aos 19 anos, comecei a namorar com o Diogo e por essa idade também a minha carreira como escritora floresceu e tornei-me numa dramaturga fantástica e, nos tempos livres, uma pintora e professora.
As peças de teatro que escrevi tornaram-se famosas em todo o mundo, tal como o meu nome que corria todas as notícias sobre o teatro.
E tudo começou com um escritor que me leu uma inspirada história em 10 minutos. Uma pequena porção de tempo que definiu a minha vida.
                                                                                              Alexandra Loureiro

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