António Mota na Escola Básica de Rates





           No âmbito do projeto «Correntes d' Escritas», o escritor António Mota visitou a nossa escola.
            Depois de entrarmos no auditório (local onde decorreu a visita), o diretor da escola, Sr. Prof. José Augusto Monteiro, fez uma pequena introdução acerca do escritor António Mota. De seguida a nossa colega Diana Justa, do 7ºB, resumiu a biografia e bibliografia do escritor. Depois disto passou a palavra ao escritor, que desde logo estabeleceu a forma de diálogo e os seus objetivos relativamente ao mesmo.
            O escritor respondeu às nossas perguntas com agrado e bom humor. Referiu que a escrita de livros é um processo demorado e que está relacionado com uma série de fatores, nos quais se baseia para os escrever, como por exemplo sonhos. Mais concretamente no caso de «Pedro Alecrim», o escritor decidiu escrever uma história sobre o interior de Portugal, uma vez que a generalidade das histórias que lia e ouvia, se referiam a grandes cidades como Lisboa. Bloqueou no capítulo XIX, pois teria de relatar a morte do pai de Pedro Alecrim, mas em vez de visualizar a personagem, revia-se a si mesmo e à morte do seu pai e sempre que tentava escrever o capítulo chorava e não conseguia fazê-lo.
Demorou um ano até ter coragem de o escrever. O verdadeiro título deste livro seria «O cavaquinho partiu as cordas», mas pela altura do lançamento do livro entrou no poder o Dr. Aníbal Cavaco Silva e para não gerar controvérsia optou pelo título «Pedro Alecrim».
Ele trabalhava muitas vezes com a máquina de escrever e tinha sempre o cuidado de não entregar folhas borratadas ou rasuradas. Além disso, compara a escrita a uma foto porque mesmo que tiremos duas seguidas, há sempre pequenos pormenores que mudam. O mesmo acontece quando reescrevemos um texto, ainda que seja escrito por nós, o que vem comprovar o provérbio «Quem conta um conto, acrescenta um ponto». O escritor referiu também que só escreve bem quem lê muito, comparando a leitura a andar de bicicleta: tropeçamos nas palavras, demoramos algum tempo a habituar-nos, mas depois tudo vai ao ponto e tornamo-nos leitores.
Ele começou a escrever na escola, mas foi duro, porque tinha vergonha de os ler à turma e se eventualmente os lia, faziam troça dele. Mais tarde fez amizade com um rapaz que também gostava de escrever e tinha o mesmo problema e formaram um clube secreto sobre escrita e leitura.
Depois de um curso rápido formou-se aos 18 anos e lecionou numa escola onde era o único professor. Era 1h30m a pé para chegar lá e era a única pessoa que almoçava na escola. Nessa altura começou a escrever pequenas histórias para os seus alunos, que as apreciavam bastante.
Uma das obras que mais o marcou foi a «Casa das Bengalas», chegando a chorar ao escrevê-la. De seguida escreveu o livro «A menina que cortou as tranças», embrenhou-se de tal forma na personagem que, quando acabou o livro, festejou abrindo uma garrafa de champagne.
António Mota considera que na escrita o maior desafio é escrever, pois aquilo que aos leitores parece simples e fácil é, na realidade, bem difícil de conseguir. Deve ter-se cuidado com a forma como se formula a frase, pois dela depende o efeito que terá sobre o leitor. O escritor referiu que os alemães gostam muito de ler, tanto que até pagam por uma boa leitura.
Por fim pediu para ler um texto e nós aceitamos com agrado. Foi fantástico!
Autoria: Rui Ramos, 7ºA
Co- autoria: Ana Novais, 7ºA


Comentários