Aristides de Sousa Mendes


Os professores Hélder Simão, Paula Araújo e os alunos das turmas A e B do curso EFA prepararam a projecção de um documentário para o próximo dia 12 de Novembro, tendo como base a figura e exemplo de Aristides de Sousa Mendes com o objectivo de prestar-lhe a devida homenagem e apresentá-lo como modelo de solidariedade, fraternidade, humanidade e coragem para as novas gerações.
Deixamos expostos, neste espaço, os textos informativos referentes a esta grande figura da história de Portugal, que se encontram no desdobrável (imagem seguinte) concebido por estes colegas docentes e alunos.

A Equipa da BE/CRE
 

BREVE  BIOGRAFIA

Aristides de Sousa Mendes nasceu em 19 de Julho de 1885, na pequena localidade de Cabanas do Viriato (hoje uma vila), município de Carregal do Sal e distrito de Viseu. Casou em 1909 com a sua prima Angelina de Sousa Mendes e faleceu em 3 de Abril de 1954. Teve 15 filhos. Católico, por formação e por crença, era filho de um Juiz, de quem herdou a faceta humanitária. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e ingressou na carreira diplomática.
Como Diplomata de carreira, Aristides de Sousa Mendes ocupou diversas delegações consulares portuguesas pelo mundo fora: 1910 Guiana Britânica; 1911 Galiza - Espanha; 1911-1918 Cônsul em Zanzibar, cujo Sultão o condecora pela sua acção política na I Guerra Mundial; 1918-1921 Curitiba (Brasil), onde lhe nasce 1 filha; 1921 S. Francisco (EUA), onde nascem mais 2 filhos;1924-1927 Maranhão e Porto Alegre (Brasil); 1927-1929 Vigo (Espanha); 1929-1938 Antuérpia e Grão Ducado do Luxemburgo; até que, em Setembro de 1938 é nomeado Cônsul-Geral de Portugal em Bordéus (França).
Um Defensor dos Direitos Humanos
Era, pois, o Cônsul de Portugal em Bordéus - França, quando eclodiu a II Guerra Mundial e, apesar de, pela “Circular 14”, o governo do ditador Salazar lhe ter determinado que recusasse vistos aos “estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; aos apátridas, aos judeus, quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos”, aquele resolve desobedecer a essa iníqua ordem, perante a perseguição e o extermínio nazi de que tinha notícia, com a ajuda de sua esposa e do seu filho mais velho, concedeu, em Junho de 1940, mais de 30.000 vistos (1/3 dos quais a judeus).
Decide então, a partir de 16 de Junho de 1940, estar “Antes com Deus contra os homens que com os homens contra Deus” e durante 9 dias, ininterruptamente, concede aqueles vistos, que possibilitaram salvar de uma morte certa mais de 30.000 pessoas.
Por isso e pelo seu exemplo de humanidade, força interior e respeito pelos valores da igualdade, fraternidade e solidariedade, pode ser considerado o maior humanista português e um grande herói do séc. XX.
Na verdade, à história de Aristides, ainda pouco conhecida, mesmo em Portugal, é bem aplicável a frase, cujo autor desconheço, que sintetiza bem os valores humanistas dele e que cito: “… Aquele que salva uma vida, salva a humanidade inteira”.
pouco evocado e injustamente esquecido
O exemplo de Aristides Sousa Mendes, o diplomata português que salvou milhares de refugiados ao tempo em que era Cônsul em Bordéus (a imagem é das instalações consulares portugueses), tem sido pouco evocado e injustamente esquecido.
Salazar, cujas simpatias pró-nazis eram então evidentes, não o perdoou. Chamou Aristides a Lisboa, demitiu-o, com aposentação compulsiva, sem direito a remuneração nem a exercer qualquer profissão, mormente a de advogado. Ou seja, condenou-o à morte em vida. E na verdade, esgotados os seus recursos, acabou por morrer na miséria em 3 de Abril de 1954 (há 56 anos), em Lisboa, no Hospital da Ordem Terceira, tendo sido sepultado com um traje franciscano, por já nada ter para vestir.


Comentários